Michel Eyquem de Montaigne (1533–1592)

O inventor do ensaio pessoal e mestre da reflexão humanista

🧠 Quem foi Montaigne?

Michel Eyquem de Montaigne nasceu em 28 de fevereiro de 1533, no château de Montaigne, região do Périgord, França, e faleceu em 13 de setembro de 1592, no mesmo local. Foi um dos maiores escritores e pensadores franceses, reconhecido como o criador do ensaio pessoal — uma forma literária que une filosofia, observação e experiência.

Em sua obra-prima, Ensaios, Montaigne analisa instituições, costumes e dogmas de sua época, sempre com um olhar crítico e profundamente humano. Seu pensamento é marcado pelo ceticismo, pela curiosidade intelectual e pela busca de compreender a condição humana em sua complexidade.

📚 Trajetória intelectual

• Educação inicial: Recebeu os primeiros ensinamentos do pai, homem metódico e aberto às novidades.
• Formação jurídica: Estudou Direito e atuou como magistrado em Périgueux (1554–1570) e depois em Bordéus, onde desenvolveu uma amizade profunda com Étienne de La Boétie.
• Retiro para o château: Aos 34 anos, retirou-se para seu castelo para se dedicar à leitura e à escrita. Levou nove anos para concluir os dois primeiros volumes dos Ensaios.
• Viagens pela Europa: Entre 1580 e 1581, viajou por diversos países e registrou suas impressões no Journal de Voyage, publicado postumamente em 1774.
• Vida pública: Foi presidente da Câmara de Bordéus por quatro anos. Após esse período, voltou ao château e continuou revisando e ampliando seus Ensaios.

✍️ Sobre os Ensaios

Os Ensaios foram publicados em três versões:

• 1580: Primeira edição com dois volumes.
• 1588: Segunda edição, incluindo o terceiro volume.
• 1595: Edição póstuma com acréscimos e revisões.

A obra aborda temas como moral, política, educação, costumes, religião, morte, amizade e autoconhecimento. Montaigne convida o leitor a refletir sobre si mesmo e sobre o mundo com honestidade e liberdade de pensamento.

💬 Pensamentos marcantes de Montaigne

“Abandonar a vida por um sonho é estimá-la exatamente por quanto ela vale.”

“Do mesmo papel em que lavrou a sentença contra um adúltero, o juiz rasgará um pedaço para nele escrever umas linhas amorosas à esposa de um colega.”

“Nada há de mais belo e legítimo do que o homem fazer o bem como deve ser, nem ciência tão difícil do que saber viver esta vida bem e naturalmente; e, de todas as nossas doenças, a mais terrível é desprezar o próprio ser.”

“Casamento: Dá-se com eles o que se dá com as gaiolas: os pássaros que estão fora querem entrar nelas desesperadamente; e os que estão dentro, mostram a mesma ânsia em sair.”

“É uma perfeição absoluta, como que divina, o sabermos desfrutar lealmente do nosso ser.”

“Uma fealdade e uma velhice confessada são, a meu ver, menos velhas e menos feias do que outras disfarçadas e esticadas.”

“Poucos homens foram admirados pelos seus criados.”

“Se eu fosse um fabricante de livros, faria um registo comentado das diversas mortes. Quem ensinasse os homens a morrer, ensiná-los-ia a viver.”

“A mais honrosa das ocupações é servir o público e ser útil ao maior número de pessoas.”

“O silêncio, tal como a modéstia, ajuda muito numa conversação.”

“Ninguém está livre de dizer tolices; o imperdoável é dizê-las solenemente.”

“Os livros têm-me servido menos de instrução que de exercício.”

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